quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

PSICOLOGIA ODONTOLÓGICA I

UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
PROGRAMA DA DISCIPLINA PDCV

INSTITUTO: Ciências da Saúde
CURSO: Odontologia
SÉRIE: 2°3º Período (2009)
TURNO: Integral
DISCIPLINA: Ciências Sociais – Psicologia do Desenvolvimento e Ciclo Vital
CARGA HORÁRIA QUINZENAL: 02 horas/aula

I – OBJETIVO GERAL:
Possibilitar ao aluno do curso de odontologia desenvolver uma visão das contribuições possíveis da psicologia à odontologia no alcance dos seus objetivos de saúde bucal e atuação em contextos multi, inter e transdisciplinar..


II – OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
1 – Possibilitar ao aluno o domínio dos conceitos básicos das ciências psicológicas, suas principais abordagens, métodos de pesquisa e aspectos do desenvolvimento emocional e cognitivo da criança.
2 – Levar o aluno a compreender os aspetos psicológicos envolvidos na relação dentista-paciente, bem como a utilização de técnicas básicas de manejo do comportamento do paciente.

III – ESTRATÉGIA DE TRABALHO:
- aulas expositivas;
- exercícios em sala-de-aula para discussão de textos;
- discussão de casos;
- recursos áudio-visuais:
a) slides,
b) transparências,
c) data show,
d) projeção de filmes.

IV – AVALIAÇÃO (para cada unidade):

-Prova contendo questões dissertativas e de múltipla escolha – 10,0 pontos;

-O aluno tem responsabilidade absoluta pela presença (assinatura na chamada) nas aulas.


V - CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES PROGRAMADAS:



CONTEÚDO 1º BLOCO
1ª aula
Apresentação da disciplina - Percurso histórico e filosófico da Psicologia;
2ª aula
Abordagem Psicanalítica – definição, conceitos principais e método de pesquisa;
3ª aula
Abordagem Psicanalítica – mecanismos de defesa;
4ª aula
Abordagem Psicanalítica – mecanismos de defesa;
5ª aula
Abordagem Psicanalítica – desenvolvimento psico-sexual e relação transferencial;
6ª aula
Abordagem Psicanalítica – desenvolvimento psico-sexual e relação transferencial;
7ª aula
Abordagem Comportamental – conceitos principais e métodos de pesquisa;
8ª aula
Abordagem Comportamental – conceitos principais e métodos de pesquisa;
9ª aula
AVALIAÇÃO NP-1;
10ª aula
AVALIAÇÃO NP-1;

CONTEÚDO 2º BLOCO
11ª aula
Abordagem Comportamental – controle do comportamento e aprendizagem;
12ª aula
Abordagem Comportamental – controle do comportamento e aprendizagem;
13ª aula
Psicodinâmica e comportamentalismo – critérios para indicação;
14ª aula
PIAGET – Bases Epistemológicas de Piaget
15ª aula
PIAGET – Principais conceitos de Piaget
16ª aula
PIAGET – Estágios do Desenvolvimento Cognitivo
17ª aula
AVALIAÇÃO NP-2
18ª aula
AVALIAÇÃO NP-2






VI – BIBLIOGRAFIA:
· básica

1 - BOCK, Ana Maria Bahia (et alli). Psicologias. Uma Introdução ao Estudo de Psicologia. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
2 - D’ANDRÉIA, Flávio Fortes. Desenvolvimento da Personalidade. 9ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.
3 - SEGER, Liliana (et alli). Psicologia & Odontologia. 4ª ed. São Paulo: Santos Editora, 2002.
4 - WOLF, S. Psicologia no Consultório Odontológico. Marília: UNIMAR; São Paulo: Arte & Ciência, 2000.
5- CARVALHO, O. Descartes e a Psicologia da Duvida (download no site http://www.olavodecarvalho.org/ - Textos)

· complementar

1 – ALVES, E.G.R. O cirurgião-dentista e outros profissionais de saúde portadores de HIV/AIDS: considerações bioéticas e psicológicas. São Paulo, 2001. 254 p. Dissertação (Mestrado em Deontologia e Odontologia Legal) – Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.
2 – AMARAL, L.A. Conhecendo a deficiência: em companhia de Hércules. São Paulo: Robe, 1995.
3 – AMARAL, L.A. Pensar a diferença/deficiência. Brasília: Corde, 1994.
4 – BROMBERG, M.H.P.F. (et alli). Vida e Morte: laços de existência. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1996.
5 – GOFFMAN, E. Estigma: notas sobre manipulação da identidade deteriorada. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988.
6 – MARCHIONI, S. A. E. Galeria de espelhos: os vínculos no atendimento a pacientes especiais em uma clínica-escola de odontologia. São Paulo, 1998. Dissertação (Mestrado em Educação Especial) – Universidade Mackenzie.
7 – PERISSINOTTI, Dirce M. N. Compreendendo o Processo Doloroso: a dor como traição. In: Revista Simbidor. Vol II, nº 2, 2001. São Paulo. (download no site http://www.simbidor.br/).
8 - HISTÓRIA DA PSICOLOGIA -http://membros.aveiro-digital.net/alfmatos/hist.htm



FORMAÇÃO DO PROFESSOR EDSON MOREIRA BORGES
Graduação em Psicologia;
Especialista em Dinâmica de Grupo;
Especialista em Docência Superior;
Mestre em Psicologia (comportamento da criança no dentista).



CRONOGRAMA DAS AULAS QUINZENAIS:

Turma 1 (3A): essa turma abre os bimestres, portanto, terá aula na
1ª semana do 1º bimestre (dia 06 de fevereiro)
1ª semana do 2º bimestre (logo após as provas de NP-1)

Turma 2 (2A e 3B): essa turma terá aula na 2ª semana do 1º e 2º bimestres

Critérios de alteração do cronograma previsto:
1- a partir da aula programada as demais se sucederão semana sim, semana não;
2- havendo algum impedimento (feriado, suspensão de aula, congresso, etc) a turma cuja aula foi suspensa terá aula na semana subseqüente, readaptando-se o cronograma previsto até o fim do bimestre;
3- começando o 2º bimestre, retorna-se ao cronograma previsto.




PSICOLOGIA APLICADA À ODONTOLOGIA - I
PRIMEIRA AULA - Percurso histórico e filosófico da Psicologia


I – DEFINIÇÃO: ciência que estuda a mente, o comportamento e suas interações.


II – HISTÓRICO DA FILOSOFIA:

· CONHECIMENTO FILOSÓFICO:
· CONHECIMENTO CIENTÍFICO:
· ORIGEM E OBJETIVO DA FILOSOFIA (“quid est” (o que é))
· A VIRADA DO “cogito cartesiano”,
· O DESVIO DA FILOSOFIA NA DIREÇÃO DA PSICOLOGIA
· AUTONOMIA DA PSICOLOGIA: primeiros laboratórios de psico-física.





III - A ORIGEM DA PSICOLOGIA FILOSÓFICA:

-Interrogação fundante da psicologia;
-A interrogação fundante engendra o conceito de alma (psiché);
-Aristóteles (De anima) - a primeira obra sobre psicologia: precedência do todo (unidade) sobre as partes. Seguindo a tradição metafísica, a alma (psiché)é a força incorpórea que atua e dirige o corpo;
-Santo Agostinho (354 – 430) - > auto-observação e descrição da experiência interior
-Psicologia (sec XVI – Goclênio): longo passado, curta história
-John Locke (1632-1704) -> doutrina da tabula rasa (tudo que há na mente primeiro passou pelos sentidos)

-David Hume (1711 – 1776) -> doutrina associacionista ( representações complexas são obtidas por associação mecânicas de representações simples ). Leis de associação: contigüidade, semelhança, contraste e causalidade.




III - HISTÓRICO DA PSICOLOGIA CIENTÍFICA:
CHARLES DARWIN(1809-1882) - teoria da evolução (sobrevivência do mais apto dentro de uma variabilidade específica) -> instigou a influência da biologia na psicologia. Também os comportantos são objetos de seleção. -> Influenciou o desenvolvimento da psicologia evolutiva.
WILHELM WUNDT(secXIX)o primeiro psicólogo científico(ênfase na experimentação e modelo da física) contradiz Aristóteles: só existem processos elementares que, combinando, formam todos complexos (elementarismo)
A proposta desta primeira tentativa de lidamento científico da psicologia era estabelecer relações entre as dimensões físicas do estímulo e as dimensões psíquicas das sensações;
Controle das variáveis ambientais (estímulos), porém sem controle das respostas comportamentais, baseadas em relatos verbais (introspecção).

PSICOLOGIA DA INTELIGÊNCIA (Würzburg) E DA FORMA (Berlim):
O sentido de um pensamento não se dá pela asssociação de representações, mas pelo todo das relações do pensamento. (o sentido provém do todo e não da soma das partes). Também o sentido de uma percepção não é o somatório de elementos perceptuais, mas o todo perceptual.
O PRINCÍPIO DO SENTIDO
"Reivindico a palavra psicologia para a ciência da vida provida de sentido" declarou Eduard Spranger no ano de 1922. (sentido é o que visa um valor). A psicologia compreensiva busca compreender o sentido da conduta. A psicologia explicativa visa estabelecer relações entre o organismo e contexto objetivo na produção do comportamento.
A PSICANALISE -Sigmund Freud (1856-1939)
Assume a necessidade do sentido da conduta, mas desloca sua formulação para o campo do inconsciente
Inicialmente vinculada à neurologia, para tratamento das doenças nervosas, especialmente do grupo das histerias.
Freud inovou com o tratamento por meios não biológicos do grupo das neuroses. O comportamento observável e as comunicações conscientes são o meio de acesso à uma realidade mais profunda: o inconsciente.


O COMPORTAMENTALISMO
SEC. XX: surge e se desenvolve o comportamentalismo (Rússia – EUA).necessidade de uma metodologia objetiva que tornasse a psicologia uma ciência positiva, livre de interpretações subjetivas.
Pavlov (Rússia): corrente psicofisiológica (condicionamento respondente).
Watson e Skinner (América): condicionamento operante. Abandono de todo tipo de mentalismo e apego ao observável.


PSICOLOGIA APLICADA À ODONTOLOGIA - I
SEGUNDA AULA - Psicanálise: definição, conceitos principais e método de pesquisa


1 – DEFINIÇÃO TRIDIMENSIONAL
A psicanálise consiste em um campo do conhecimento da mente humana cujo objeto é o inconsciente, entendido como processo psíquico não observável, não consciente, mas inferido a partir de manifestações comportamentais, sobretudo da produção de sinais interpretáveis. Contudo, a definição não é unívoca, mas tríplice, conforme a dimensão visada:

a. Método Psicoterápico:
- solução dos conflitos inconscientes (formador da neurose) entre forças repressoras e forças reprimidas. Ex.: ódio e amor pelo pai (geralmente deslocado para figuras de autoridade, ou sentimento de impotência).
- atualização do conflito na relação com o analista (transferência). Ex.: o ódio será revivido e elaborado com o analista.


b. Método de investigação do inconsciente:
- tradução do inconsciente para a consciência (interpretação);
- eventos conscientes (sonhos, associação livre, lapsos, trocas, chistes) são pistas que levam ao inconsciente.
c. Teoria Psicológica:
- concepção teórica do funcionamento psicológico;
- a mente e o comportamento humano são controlado por motivações de natureza sexual que são inicialmente reprimidas (sexualidade infantil);
- ressurgem, na puberdade, na descarga sexual direta, nas atividades sublimadas ou na angústia neurótica.

2 – METAPSICOLOGIA: psicologia das características tópicas, dinâmicas e econômicas dos processos mentais.

a. Ponto-de-vista tópico:
- refere-se às instâncias do aparelho psíquico;
1) primeira tópica: consciente, pré-consciente e inconsciente:
- consciência: é o todo mental imediato; é o sistema que capta as informações do mundo externo e interno.
- pré-consciência: são conteúdos não presentes na consciência, mas evocáveis pelo esforço da vontade e atenção.
- Inconsciente: são conteúdos não presentes na consciência que não podem ser acessados pelo exercício do esforço da recordação e atenção.

2) Segunda tópica: id, ego e superego (necessidade da instância repressora – ego):
- id: é a fonte de toda a energia psíquica e pulsões; regido pelo princípio do prazer (busca descarga imediata do impulso).
- ego: instância do controle/regulagem da personalidade através de mecanismos de defesa. Busca compatibilizar os desejos do id com as exigências da realidade externa e as restrições do superego (usa os mecanismos de defesa nesse processo). Sede das funções da percepção, memória, sentimento e pensamento. É regido pelo princípio da realidade.
Triângulo do ego:



ID S.EGO
EGO


REALIDADE EXTERNA

- superego: sede da moral e dos modelos. Origina-se do complexo de Édipo, internalizando as proibições e modelos paternos. É o superego que produz a culpa em situações que representam o ódio e o temor ao pai.

b. Ponto-de-vista econômico:
- processos psíquicos são impulsionados por uma energia de caráter sexual (libido);
- a libido é finita: quando abunda em um processo, falta em outro;
- originada no soma, essa energia é um modelo metafórico e não explicativo (como pode algo físico se transformar em mental, se esse, por definição é imaterial?).


c. Ponto-de-vista dinâmico:
- o aparelho psíquico é palco de forças antagônicas em conflito permanente;

- desejos sexuais podem ser confrontados por pulsões morais ou pulsões de sobrevivência, entre outros;


- a consequência do conflito é a repressão. Se o ego dispõe de energia suficiente, pode controlar o processo de repressão (defesa) sem ser ameaçado pelo retorno do recalcado;

- se o ego não dispõe de energia suficiente, será ameaçado pelo retorno do recalcado (fracasso das defesas e mobilização de mais energia), entrando em estado de angústia, gerando a desadaptação sexual e social, fonte da neurose.

3 – MÉTODO DE PESQUISA
a. A psicanálise baseia seus achados principalmente em estudos clínicos (estudos de caso). Dispõe de um vasto sistema teórico que indica como e o que deve ser buscado em seus estudos clínicos. A natureza de seus construtos teóricos não permite uma verificação por pesquisa experimental (como seria possível testar a teoria dos sonhos experimentalmente?). Contudo, certos conceitos teóricos são apoiados por estudos de observações naturalísticas de crianças.

4 – FILOGÊNESE DO MECANISMO DA REPRESSÃO
A tendência a expulsar da consciência as representação extremamente desfavorável revela uma tendência filogenética.
Em todo o reino animal, especialmente entre os mamíferos, o organismo busca se afastar dos estímulos dolorosos e se aproximar daqueles que produzem prazer e satisfação. O afastamento dos estímulos dolorosos ou desagradáveis pode ser alcançado ou pelo enfrentamento ou pela fuga.
No ser humano, com o surgimento das atividades mentais superiores, como o pensamento, o homem desenvolveu também a dor psíquica e passou a antecipar pensamentos desagradáveis que iriam ocorrer e sofrer antecipadamente por esse motivo. Para escapar ao sofrimento psíquico, desenvolveu como defesa o esquecimento dos pensamentos que provocariam dor moral.
Esse processo, tornando-se sistemático, passou a constituir o mecanismo da repressão. Com a repressão, o homem aprendeu a expulsar da consciência para o inconsciente todos aqueles impulsos provenientes do ID que não eram aprovados pelo SUPEREGO e causadores de ansiedade.


Bibliografia:
BOCK, Ana Maria Bahia (et alli). Psicologias. Uma Introdução ao Estudo de Psicologia. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
D’ANDRÉIA, Flávio Fortes. Desenvolvimento da Personalidade. 9ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.
SEGER, Liliana (et alli). Psicologia & Odontologia. 4ª ed. São Paulo: Santos Editora, 2002.


PSICOLOGIA APLICADA À ODONTOLOGIA - I
TERCEIRA AULA - Abordagem psicanalítica – mecanismos de defesa


1 – Mecanismos de Defesa do Ego: mecanismos inconscientes que o ego utiliza para evitar a consciência dos impulsos ansiogênicos. Emprego moderado é adaptativo, exagerado é patológico. Todo mecanismo de defesa é um fracasso parcial da repressão. Funciona completando uma repressão incompleta ou frágil.

Compensação: busca uma realização social extrema para compensar o sentimento de inferioridade advindo de uma qualidade negativa. Ex.: o homem que sente muito uma deficiência física e tenta compensá-la sendo um excelente intelectual, ou um militar poderoso.
Deslocamento: desloca o sentimento do objeto original para outro mais compatível com a consciência moral. Ex.: o medo do pai castrador pode se deslocar para o medo de cavalos ou gatos, ou medo do escuro etc. (fobias)

Fantasia consciente ou devaneio: enredos imaginários que visam à satisfação de desejos impossíveis de serem satisfeitos imediatamente na realidade. Ex.: o aluno que se sente muito cobrado por um professor exigente, pode fantasiar um dia ser também um professor, contudo indulgente com um aluno nas mesmas condições que ele.

Formação reativa: o ego apresenta sentimentos e comportamentos opostos aos desejados inconscientemente. Ex.: o ódio de uma jovem pelo marido da irmã pode esconder uma paixão pelo cunhado. Ex.: atitude de muita gentileza e cuidado pode esconder uma hostilidade latente. Ex.: a pessoa obsessivamente controlada e ordeira pode ter inconscientemente um intenso desejo de realizar impulsos sujos e descontrolados. Ex.: o homem que não suporta suas pulsões agressivas e se torna membro de uma ONG pacifista.


Introjeção: incorporar, inconscientemente, à personalidade qualidades desejadas de outras pessoas. Ex.: o jovem que passa a utilizar o mesmo jargão de um amigo admirado ou o filho que se identifica com as atitudes masculinas do pai e passa a repeti-las.

Projeção: é o mecanismo pelo qual atributos pessoais inaceitáveis são projetados na outra pessoa. Ex.: o empregado que tem forte sentimento hostil ao patrão, mas sente ser o patrão que o odeia e persegue. Ex.: a jovem que, sentindo-se pouco atraente, caçoa de uma amiga que passa com os cabelos despenteados.

Negação: é o bloqueio de certas percepções do mundo externo sentidas como causadoras de sofrimento. Ex.: uma mãe muito devotada ao filho único que, após seu casamento, cotinua a manter o quarto do filho perfeitamente em ordem como se ainda morasse na casa. Ex.: a jovem, cujo namorado não lhe dá a atenção devida e nem retribui a suas declarações amorosas, mas continua a acreditar que há amor por trás de seu comportamento rude. Simplesmente, ele “não sabe expressar”.
Racionalização: justificação racional de comportamentos cuja motivação é basicamente impulsiva (geralmente agressões verbais ou físicas). Ex.: o marido que espanca a mulher e depois justifica dizendo que a mulher o provoca falando demais (o desejo de bater na mulher já existia antes).

Repressão ou recalque: é o mecanismo de defesa básico, parcialmente em ação em todas as outras defesas. Consiste em expulsar da consciência as representações incompatíveis com o ego e por isso geradoras de grande ansiedade. Ex.: a jovem que reprimiu o sentimento de hostilidade/rivalidade pela mãe ou o garoto que não consegue se lembrar que tinha medo do pai severo. Ex.: a mulher que odeia o marido, mas não percebe diretamente.

Sublimação: não é bem um mecanismo de defesa, mas um mecanismo de transformação do impulso sexual original, dirigindo-o para realização em atividades socialmente aceitas. Assim, o ego não precisa dele se defender, pois sua natureza foi transformada, diferentemente da repressão, em que o impulso sexual conserva sua natureza intacta. Ex.: o desejo infantil de brincar com fezes é transformado no desejo de esculpir. Ex.: o desejo de escopofilia (expiar partes do corpo do sexo oposto) é modificado para o desejo de ser cirurgião. Ex.: o desejo anal-sádico é modificado para o desejo de ser dentista. Ex.: as pulsões orais são transformadas no desejo de ser professor, cantor ou político etc


Bibliografia:
BOCK, Ana Maria Bahia (et alli). Psicologias. Uma Introdução ao Estudo de Psicologia. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
D’ANDRÉIA, Flávio Fortes. Desenvolvimento da Personalidade. 9ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.
SEGER, Liliana (et alli). Psicologia & Odontologia. 4ª ed. São Paulo: Santos Editora, 2002.


PSICOLOGIA APLICADA À ODONTOLOGIA - I
QUARTA AULA - Abordagem psicanalítica: desenvolvimento psico-sexual e relação transferencial
1 – DESENVOLVIMENTO PSICO-SEXUAL: (modo de satisfação da libido ao longo do crescimento).
A libido, cuja natureza sexual evolui para a descarga genital no adulto, em cada etapa do desenvolvimento psico-sexual se concentra em uma forma de satisfação. Cada uma dessas etapas constitui uma fase do desenvolvimento e contribui em maior ou menor grau para o resultado final do desenvolvimento e personalidade do indivíduo.

Fase Oral: (primeiro ano de vida)
a. Concentração na cavidade bucal e seus componentes
do interesse erótico.
b. É através da boca que o bebê “conhece” o mundo, experimenta o prazer e sofre o desprazer da frustração. Toda situação geradora de ansiedade é descarregada por meio de um exercício oral.
c. Excesso de privação ou gratificação podem levar à fixação neste estágio.
d. A fixação se caracteriza por uma recusa ou dificuldade da criança em avançar nos comportamentos de autonomia, aceitação da separação, avanço alimentar e abandono dos hábitos orais.
e. A fixação, mesmo superada, é o ponto para o qual a criança regride em situações ansiogênicas na vida adulta.
f. Fixação pelo excesso de gratificação: a pessoa cria uma expectativa de sempre ter suas necessidades e desejos satisfeitos pelo outro, independente da vontade desse outro. (uma boca sempre querendo uma teta).
g. Fixação pelo excesso de frustração: a pessoa cria a expectativa de que o mundo é basicamente frustrador e que nada pode evitar essa frustração final.

Fase Anal: (segundo e terceiro anos de vida)
*fezes são presente simbólico aos pais e são sentidas como parte do corpo.
a) Concentração do prazer na expulsão/retenção das fezes e urina.
b) Introdução em um mundo que exige renúncia ao prazer para conservar o amor.
c) A criança fixada pelo excesso de gratificação, se torna excessivamente teimosa, impulsiva, maldosa e sem limites, podendo ocorrer, por formação reativa, um comportamento de ordem, limpeza, parcimônia, ou seja, o contrário de tudo aquilo que verdadeiramente deseja. A fixação pelo excesso de frustração pode tornar a pessoa cruel ou até mesmo sádica.

Fase Fálica: (quarto e quinto anos devida)
Concentração do interesse erótico no pênis/ausência de pênis.
Fase do complexo edipiano (amor e rivalidade/hostilidade aos pais).
Angústia de castração no menino (medo de ser castrado pelo pai). Podendo resultar em um complexo de castração (reação de total submissão ou total rebeldia).
Angústia de castração na menina (desapontamento de ter sido castrada). Podendo resultar em inveja do pênis (recusa a aceitar qualquer tipo de diferença entre homens e mulheres) ou sentimento de total falta de valor.
A fantasia de castração pode ser ativada nas situações invasivas, especialmente na situação odontológica, gerando um comportamento excessivamente medroso e assustado na criança.
Solução do Édipo: o garoto deve renunciar à luta contra o pai pela posse da mãe. Através da identificação com o pai, o garoto se sagra vitorioso, internalizando as normas da cultura e os modelos sociais. Na menina, o primeiro objeto é homossexual (a mãe), deslocando para o pai pela decepção fálica (carência do pênis) cuja culpa é atribuída à mãe. A partir dessa carência básica, a menina fantasia recuperar o pênis apossando-se de seu detentor, o pai, tornando-se a mãe a rival. A superação da rivalidade/hostilidade com a mãe se dá pela identificação com a mãe, numa revalorização integral do corpo e funções da mãe.
A vivência prolongada do conflito edipiano leva à fixação nas características competitivas e fobia às situações em que possa revelar fraqueza. O conflito que é reprimido muito cedo e com excesso de autoritarismo do pai, pode tornar o homem um caráter medroso, inseguro e tímido (castrado).
O complexo de inveja do pênis pode ser percebido na mulher que em tudo deseja competir com o homem (não aceita as diferenças homem-mulher) ou na mulher extremamente tímida e insegura.
A angústia de castração induz o garoto a abandonar o desejo edípico. Na menina, a angústia de castração induz sua entrada no desejo edípico.


Latência: (de 6 a 11 anos)
Amnésia infantil (esquecimento de todo interesse sexual infantil, incluindo a angústia de castração e a inveja do pênis).
Desvio do interesse para atividades sociais, intelectuais e dessexualizadas.
Busca constante do elogio dos adultos e rejeição aos temas sexuais.


Fase Genital: (acima de 12 anos)
- superação e integração das etapas anteriores, possibilitando a afirmação da personalidade e preparo para uma vida sexual realizadora. O desejo se desliga do próprio corpo e se concentra em um objeto externo: o outro.



2 – EVOLUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO:

Progressão. Em cada fase do desenvolvimento, o ser humano tem que superar desafios específicos ligados à forma de satisfação libidinal. O sucesso na superação de cada obstáculo proverá o indivíduo de maior confiança, independência e integração. Quando isso ocorre, falamos que há uma progressão no desenvolvimento.

Fixação. Fatores constitucionais (temperamento) ou ambientais podem impedir/dificultar que o indivíduo ultrapasse adequadamente certa fase, detendo aí seu desenvolvimento, trata-se da fixação. Ocorre por duas causas principais:
1- excessiva gratificação das necessidades da fase;
2- excessiva frustração das necessidades da fase.

Regressão. Certos indivíduos, mesmo tendo ultrapassado todas as etapas do desenvolvimento, ao depararem com uma situação de pressão, ou de semântica específica, entram em estado de ansiedade e acabam por regredir para uma fase na qual houve um grau maior de fixação. Assim, fixação e regressão interagem dinamicamente. Há uma forma de regressão que, por ser plástica e estar sob o controle da realidade, pode muito bem ser chamada de regressão funcional. Ex.: adoentado/acamado que regride à fase oral para receber cuidados. Ex.: a pessoa que regride à retenção anal e, assim, se motiva para eonomizar dinheiro e fazer patrimônio. Ex.: no esporte, o competidor regride à fase fálica para superar o outro. Ex.: deixar toda uma rotina de prazeres e orgias e deslocar todo o interesse para estudar-latência (sentimento de estar fazendo a coisa certa, longe da entrega aos impulsos).

3 – RELAÇÃO TRANSFERENCIAL:

Atualização na relação com o analista de modos de relacionamento infantis antes dirigidos aos pais e pessoas significativas. Assim, diante do analista, o paciente irá repetir emoções, significados, temores e comportamentos reveladores de suas fantasias primitivas em relação aos pais. Nas situações quotidianas em que prevalece relações de autoridade / proteção é possível que certos elementos transferenciais se manifestem produzindo conseqüências ora positivas, ora negativas (Ex. relação professor/aluno e relação dentista/paciente). A ocorrência da transferência em psicoterapia é planejada, mas pode ocorrer em outras situações de forma espontânea não é planejada e compreendida.

Bibliografia:
BOCK, Ana Maria Bahia (et alli). Psicologias. Uma Introdução ao Estudo de Psicologia. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
D’ANDRÉIA, Flávio Fortes. Desenvolvimento da Personalidade. 9ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.
SEGER, Liliana (et alli). Psicologia & Odontologia. 4ª ed. São Paulo: Santos Editora, 2002.




PSICOLOGIA APLICADA À ODONTOLOGIA - I
QUINTA AULA - abordagem comportamental: conceitos principais e métodos de pesquisa

CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTALISMO:

◙ O objeto da psicologia é o comportamento observável;
◙ Pressuposto funcionalista: o comportamento tem uma função interativa com o ambiente;
◙ Ausência de referência à mente ou a processos internos;
◙ Unidade básica de estudo é o comportamento, que pode ser dividido em estímulo e resposta;
◙ Estímulo (S): são as variáveis ambientais que afetam o organismo;
◙ Resposta (R): é o que o organismo faz no ambiente em razão de S.

PRINCIPAIS CONCEITOS:
Behaviorismo Metodológico:
A psicologia nada pode dizer sobre eventos mentais (internos) por não serem diretamente observáveis. O objeto da psicologia é o comportamento que pode ser observado. (dualismo mente-corpo).

Behaviorismo Radical:
Os chamados “eventos internos” são, na verdade, comportamento privado, observado pelo próprio indivíduo (fala interior) e devem ser estudados pela psicologia. (monismo materialista) – observado pelo próprio indivíduo.

Comportamento respondente:
◙ Reação reflexa (não aprendida). Ex.: o cão saliva ao perceber a comida.
Comida (S incondicionado ) → salivação (R incondicionada)

Condicionamento respondente ou clássico:
◙ Pareamento com o S incondicionado de um evento ambiental ( S condicionado) na produção da R (resposta)
Ex. : fazer anteceder à apresentação da comida uma campainha.

a.Campainha (S neutro) → Comida (S incondicionada)→ salivação ( R incondicionada )
b.Campainha (S condicionada) → salivação ( R condicionada )


◙ Metotodologia útil para o estudo das emoções humanas. Ex. ansiedade em falar para um grupo.

Exemplo:
a. Surra (S incondicionada)→ dor (R incondicionada)
b. chicote / surra (S incondicionada) → medo/dor (R incondicionada)
c. Situação de arguição (S neutro) → Chicote/Surra (S incondicionada)→ Medo/dor (R incondicionada).
d. Situação de arguição (S condicionado) → Medo (R condicionada)
e. Situação de falar p/ grupo (S condicionado) → Ansiedade (R condicionada)


Comportamento operante:
◙ Opera sobre o ambiente;
◙ O comportamento do indivíduo é controlado pela consequência;
◙ Relação fundamental: contexto → R → S;
◙ Reforço: é toda a consequência que altera a probabilidade de ocorrência da R;



CONTROLE DO COMPORTAMENTO PELA CONSEQUÊNCIA
(CONDICIONAMENTO OPERANTE)

PROCESSOS REFORÇADORES
CONSEQUÊNCIA
EXEMPLO
Reforço positivo
(aumenta a freqüência de R)

Aumenta a frequência de R aumentanto ocorrência da consequência.
Ex.: Estudar dá nota boa.. Estudar mais para ter mais notas boas.
Reforço negativo
(aumenta a freqüência de R)

Aumenta a frequência de R reduzindo a ocorrência da consequência.
Ex.: Escovar os dentes reduz a ocorrência de cáries. Escovar mais para reduzir ainda mais.
Punição positiva
(reduz a freqüência de R)

Apresenta um estímulo aversivo para reduzir a R
Ex.: castigar a criança que desobedece reduz a R de desobediência.
Punição negativa
(reduz a freqüência de R)

Retira um estímulo reforçador positivo para reduzir a R
Ex.: retirar a TV da criança que desobedece reduz a R de desobediência.





Bibliografia:
BOCK, Ana Maria Bahia (et alli). Psicologias. Uma Introdução ao Estudo de Psicologia. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
D’ANDRÉIA, Flávio Fortes. Desenvolvimento da Personalidade. 9ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.
SEGER, Liliana (et alli). Psicologia & Odontologia. 4ª ed. São Paulo: Santos Editora, 2002.


PSICOLOGIA APLICADA À ODONTOLOGIA - I
SEXTA AULA - abordagem comportamental: controle do comportamento e aprendizagem

CONTROLE DO COMPORTAMENTO:
A partir da manipulação da consequência, é possível controlar o comportamento do indivíduo, aumentando os desejáveis e reduzindo os indesejáveis. De certa forma, a sociedade pratica o controle do comportamento através dos processos de reforço e punição.

CONTROLE E APRENDIZAGEM:
Os métodos de controle do comportamento permitem reduzir toda a aprendizagem a processos externos que agem sobre o indivíduo. A aprendizagem passa a consistir em dar a
R esperada em determinado contexto, o que pode ser conseguido por processos operantes e respondentes.

TIPOS DE REFORÇADORES:
Primários: são os que satisfazem às necessidades filogenéticas da espécie, como água, alimento, sexo, afeto...
Secundários: pareados aos primários, como geladeira para conservar o alimento, cozinhar grãos para obter alimento, conquistar um parceiro para obter satisfação sexual...
Generalizados: são reforçadores secundários pareados a muitos outros primários ou secundários. Ex.: dinheiro, fama, beleza, status, profissão...

PROCESSOS ESPECIAIS:
Esquiva: processo em que os estímulos aversivos condicionado e incondicionado estão separados por um intervalo de tempo suficiente para que o sujeito efetue um comportamento de evitação. Ex.: ao ouvir o barulho do motor do dentista (estímulo condicionado), o sujeito vira o rosto para evitar que a broca alcance o dente e produza dor (estímulo incondicionado).
Fuga: a evitação ocorre quando o estímulo aversivo incondicionado já está ocorrendo. Ex.: com uma broca totalmente silenciosa o sujeito só empreende a evitação quando o dente já foi alcançando.
Discriminação: processo pelo qual uma R mantém sua freqüência na presença de um S e altera em sua ausência. Ex.: diante do sinal vermelho, o motorista pára e na sua ausência, ele segue.
Generalização: processo pelo qual uma R dada a um estímulo específico, passa a ser repetida na presença de estímulos semelhantes. Ex.: o rapaz que se apaixonou por uma enfermeira e foi traído, se comporta de forma semelhante quando inicia um novo relacionamento também com uma enfermeira. Ocorreu uma generalização da R de traição para todos os S enfermeira.

Bibliografia:
BOCK, Ana Maria Bahia (et alli). Psicologias. Uma Introdução ao Estudo de Psicologia. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
D’ANDRÉIA, Flávio Fortes. Desenvolvimento da Personalidade. 9ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.
SEGER, Liliana (et alli). Psicologia & Odontologia. 4ª ed. São Paulo: Santos Editora, 2002.









PSICOLOGIA APLICADA À ODONTOLOGIA - I
SÉTIMA AULA – psicodinâmica e comportamentalismo – critérios para indicação

É comum que os teóricos e pesquisadores se concentrem em resolver todos os problemas da psicologia dentro do arcabouço teórico que praticam. Contudo, quanto mais o profissional se afasta da pesquisa e se aproxima da prática, mais sente as lacunas e inconveniência de uma posição sectária. Parece mesmo haver problemas e situações que são melhor compreendidos por uma determinada abordagem, enquanto ocorre o contrário com outros problemas.
Essa consideração preliminar nos leva a indagar que tipo de problemas é melhor resolvido pela psicanálise e que tipo de problemas é melhor explicado pelo behaviorismo (ou o cognitivismo, ou a psicologia fenomenológica). A questão parece reportar à seguinte indagação: que tipo de evento é melhor controlado pelos eventos ambientais e que tipo de comportamento está sob controle dos eventos internos (mentais).
Para ilustrar o problema, apresentamos os casos de duas crianças. A primeira, uma criança de quatro anos de idade que faz birra quando quer doce e o recebe, depois faz birra para ver tv e o pai cede, em seguida, faz birra para se deitar com os pais e consegue. A segunda, uma criança também de quatro anos, que apresenta comportamentos de terror noturno, enurese noturna, medo e ciúmes excessivos. As crianças podem ser tratadas tanto por uma abordagem quanto por outra e com possibilidades de sucesso em ambos os casos. Entretanto, os comportamento da primeira criança parecem muito mais controlados pelo reforço ambiental, enquanto que os comportamentos da segunda criança parecem mais vinculados a fantasias. O que nos leva a formar tal suposição? Parece que o fator definidor é o grau de semântica que envolve o comportamento. Quanto mais semântico, mais controlado por causas internas (no exemplo da segunda criança, fantasias edipianas de castração), quanto menos semântico, mais controlado pelas contingências (reforço ambiental). Não precisamos supor fantasias para explicar uma criança que quer doces, ver tv ou dormir com os pais. Tudo isso é prazeroso para a criança e ela vai tentar obtê-lo. Agora, como explicar o terror noturno, a enurese, o medo e o ciúme excessivos sem atribuir a esses comportamentos uma forte carga semântica? Um outro exemplo pode ser dado pela criança também de quatro anos que faz sucção digital. Esse comportamento é uma via natural de descarga de ansiedade e obtenção de prazer. É comportamento da espécie. Contudo, sua manutenção até a idade de quatro anos pode tanto ter uma explicação psicodinâmica (busca de segurança em uma função que simboliza a relação com a mãe), ou puramente o reforço ambiental na forma da aquiescência dos pais.
Assim, as situações defrontadas pelos profissionais de saúde devem ser refletidas à luz de seu componente semântico. Ainda é cedo para generalizar esse procedimento, mas os resultados obtidos indicam esse caminho.

Bibliografia:
BOCK, Ana Maria Bahia (et alli). Psicologias. Uma Introdução ao Estudo de Psicologia. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
D’ANDRÉIA, Flávio Fortes. Desenvolvimento da Personalidade. 9ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.
SEGER, Liliana (et alli). Psicologia & Odontologia. 4ª ed. São Paulo: Santos Editora, 2002.
















SEGUNDO BLOCO

NONA AULA : BASES EPISTEMOLÓGICAS DE JEAN PIAGET

TEORIAS MODERNAS QUE INFLUENCIARAM A EDUCAÇÃO
· BEHAVIORISMO:
Aprendizagem é mudança do comportamento observável;
Comportamento sob controle do estímulo.Não consegue explicar a não extinção de uma classe depois de aprendida (estrutura superior)
· PIAGET:
Aprendizagem é uma construção de estruturas cognitivas;
Estímulo sob controle da mente que seleciona e interpreta;
O condicionamento é explicado pela habilidade do organismo em atribuir significado aos objetos do ambiente.

· COMPORTAMENTO MORAL:
O behaviorismo considera que o comportamento moral é controlado pela consequência ambiental, de forma que o sujeito faz o que é correto por temor à punição ou por desejar a recompensa. Piaget considerou esta postulação insuficiente para explicar todo comportamento moral. Obviamente que as sanções controlam comportamentos impulsivos e imaturos, mas não explicam os comportamentos corajosos que enfrentam as punições e dispensam as recompensas. A luta pelo moralmente correto, exige uma estrutura interna, mental, que controla o comportamento do ser humano.
Piaget reconhece a necessidade de sanções mas afirma que quanto mais se prolonga sua utilização, mais tempo prevalece a heteronomia moral da criança. Isto não autoriza dizer que se pode eliminar o período de heteronomia moral, razão de inúmeros fracassos educacionais.

· AVALIAÇÃO BEHAVIORISMO X PIAGET
As provas científicas e análises atuais indicam não uma eliminação do behaviorismo, mas sua incorporação por uma teoria mais abrangente que a teoria de PIAGET, uma vez que esta explica os fatos daquela sem recorrer à excepcionalização da teoria, o que não ocorre com o behaviorismo em relação aos problemas apresentados pela teoria de PIAGET

· O INTERACIONISMO DE PIAGET
Piaget procurou solucionar o problema do conhecimento de modo interacionista.
O PROBLEMA DO CONHECIMENTO:
Como conhecemos o que pensamos que conhecemos?
O que conhecemos é o que realmente existe?
Duas soluções clássicas:
EMPIRISMO: O conhecimento tem sua origem no objeto fora do sujeito e é interiorizado pelos sentidos.
RACIONALISMO: O conhecimento provém da razão pois só ela pode estabelecer relações. Ex matemática.
PIAGET: Melhor caminho para o problema epistemológico é o científico e não o especulativo. Daí seu interesse pelo desenvolvimento cognitivo da criança.

CONHECIMENTO FÍSICO: fonte nos objetos – apoio aos empiristas
CONHECIMENTO LÓGICO MATEMÁTICO: fonte na razaão – apoio ao racionalismo.

CONCLUSÃO: Para Piaget, todo conhecimento precisa tanto da razão quanto do objeto, embora alguns exijam mais um aspecto que outro. Sem um esquema classificatório nenhum objeto pode ser “lido” da realidade (Ex. cadeira-classe cadeira) e sem objetos, a razão não teria como pensar o mundo, pois este é constituído de objetos. Enfim, o interacionismo de Piaget aponta no sentido de que todo conhecimento só é possível pela interação da mente conhecedora com o objeto de conhecimento.


· O CONSTRUTIVISMO DE PIAGET

Se a teoria de PIAGET fosse somente interacionista, ficaria numa posição muito próxima dos racionalistas que já afirmavam serem as noções de espaço, tempo, causalidade e número inatas. Piaget inova ao afirmar que essas noções são esquemas construídos pela criança ao longo de seu desenvolvimento e não inatos.

ESTRUTURAS DO CONHECIMENTO:
Lógico-aritmético: desenvolve-se em hierarquia, até eliminar a contradição.Ex.: a criança pequena acredita que há mais cães que animais e mais tarde retifica esse “erro” quando consegue operar reversivamente a parte e o todo.
Espaço-temporal a coordenação do espaço é desenvolvida hierárquicamente. Ex.: o desenho do ponto na folha.

Os esquemas lógico-aritmético e espaço-temporal são construídos na medida em que a criança consegue avançar da “abstração empírica” (uma qualidade do objeto) para a “abstração construtiva” (estabelece relações entre dois ou mais objetos ou qualidades= mesmo, diferente, dois etc).

CONCLUSÃO: O conhecimento nem vem de fora para dentro (empirismo) nem é inato (racionalismo), mas construído pela criança ao longo do desenvolvimento.


· CONSTRUTIVISMO E EDUCAÇÃO:

Como o conhecimento é construído pela criança ao longo de seu desenvolvimento, a escola não pode tratá-la como copo vazio a espera de ser preenchido pelo saber do professor. Pelo contrário, a criança deve ocupar o lugar que lhe é devido de ser construtora de seu próprio conhecimento. Os reformadores não científicos falharam porque não conseguiram convencer os educadores da validade de suas propostas, razão pela qual todo avanço deverá ser feito com base em estudos científicos.

AVALIAÇÃO PESSOAL: Aproveitar todo o potencial da criança será a tônica da pedagogia moderna. Contudo, ainda não está claro que esse potencial máximo pode ser alcançado sem um período razoável de heteronomia moral da criança.


DÉCIMA AULA : PRINCIPAIS CONCEITOS DE PIAGET:
1. CONHECIMENTO FÍSICO: Conhecimento dos objetos observáveis externamente à mente do sujeito. A fonte do conhecimento físico é o próprio objeto. (não exclusivamente o objeto).
2. CONHECIMENTO SOCIAL (CONVENCIONAL): Conhecimento das convenções estabelecida pelas pessoas e por isso só pode ser aprendido através de outras pessoas (Ex. linguagem e modos sociais). Fonte principal s as pessoas.

3. CONHECIMENTO LÓGICO-MATEMÁTIVO: Conhecimento racional cuja fonte principal é a mente. Pode ser dividis o em 2 estruturas:
· Lógico-Aritmético: Sistemas classificatórios e relações.
· Espaço-Temporal: sistemas de coordenação de espaço e tempo.
Ex. Folhas e pontos/ Ex. Idades filiação/mãe/avó

4. SUJEITO EPISTÊMICO: Estudo dos processos de pensamentos presentes no ato de conhecer desde a infância até a idade adulta.

5. HEREDITARIEDADE: Refere-se à herança de um organismo dotado de um SNC cuja maturação prepara o Δ para a aprendizagem. (A aprendizagem ,contudo, só ocorrerá se houver estimulação adequada dos ambientes físico e social).

6. ADAPTAÇÃO: Processo de assimilação/acomodação efetuado pelo organismo com vista à obtenção do equilíbrio.

7. ASSIMILAÇÃO: É a utilização de estruturas cognitivas pré-existentes para conhecer eventos novos ou conhecidos.

8. ACOMODAÇÃO: É a mudança de estruturas cognitivas estabelecidas com vistas a conhecer objetos novos.
Obs.: No dia-a-dia, deparamos com eventos conhecidos e os assimilamos automaticamente. Contudo, alguns eventos (objetos0 são diferentes das classes existentes na estrutura cognitiva e então, teremos que criar uma nova para obrigar o objeto. Essa criação é acomodação.

9. ESQUEMA ; Unidade cognitiva básica repetível, fluída (combinações novas) e plástica (evolui com o desenvolvimento), que sustenta todo conhecimento: do mais simples ao + complexo. Não é o comportamento, mas a representação cognitiva do comportamento. É o modelo mental do objeto

10. EQUILÍBIO: Estado transitório em que as estruturas cognitivas não precisam de novas acomodações (mudança no organismo) para a integração de uma experiência em curso. Estado de complete assimilação da experiência.

11. EQUILIBRAÇÃO MAJORANTE: Processo pelo qual experiências não assimiláveis levam à perda do equilíbrio e a ativação de acomodações que tendem a um equilíbrio superior. Isto é um conhecimento que abrange melhor o real.

12. ERRO CONSTRUTIVO: É a situação em que a resposta errada do aluno revela uma estrutura cognitiva ao lado da qual a resposta dada é coerente e serve de propulsor para o progresso do aluno. (Ex. “Eu fazi”)

13. CONSTRUTIVISMO: o conhecedor deve 1º construir um esquema (modelo mental do objeto), para poder identificar o objeto. Sem um modelo mental, o objeto será assimilado a um modelo parecido, gerando distorções.

DÉCIMA-PRIMEIRA AULA :ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO – PIAGET

Os estágios são sucessivos e cumulativos e se estabelecem em idade aproximada.

ESTÁGIO I – SENSÓRIO-MOTOR ( 0 a 2 anos)
a) Principais Características:
A cognição é sensório e motora, i. é, não há intervenção de uma cognição interna, racional. A criança conhece pelos sentidos e pela manipulação do objeto;
Como é sensorial, não opera com o objeto ausente e precisa, necessariamente, da presença do objeto. Depende do “aqui-agora”;
É prática, i.é, busca atender ao interesse imediato e não à compreensão;
Só consegue operar as ações sequencialmente;
Não simboliza, i. é, ainda não consegue fazer representações;
A experiência é privada, não compartilhada. A criança não “conta” sobre a coisa, mas “vive” a coisa.
b) Subestários (6):
Adaptações inatas (0-1 mês)
-exercício dos reflexos inatos ( automáticos, por estímulo específico)

Reação circular primária (2-4 meses)
-O efeito é ao acaso. Depois tenta repetir;
-Ação concentrada no corpo.

Reação circular secundária (4-8 meses)
-O efeito é ao acaso. Depois tenta repetir;
-Interação com o meio e não só com o corpo;
-Pré-intencional (indícios de intencionalidade).

Coordenação de esquemas (8-12 meses)
-Intencionalidade;
-Coordenação instrumental (levar bico à boca - sugar);
-Coordenação de objetos e fatos (por sapato – sair de casa);
-Imita gestos não visíveis em si (mão na orelha, língua para fora);
-Erro do subestágio 4: responde como aprendido e não conforme a situação; (Ex.: bola debaixo do sofá – tapete).

Reação circular terciária (12-18 meses)
-Buscar, através da experimentação acomodar a nova situação, por isso desaparece o “erro do subestágio 4”.

Novas combinações de esquemas através da representação (18 – 24 meses)
Momento de transição para a inteligência representativa, pois já há um princípio de representação que possibilita a acomodação do novo por combinações mentais e não mais pelo tateio físico.


PERÍODO PRÉ-OPERACIONAL (2 a 6 anos)

Enquanto a inteligência sensório-motora é prática ( opera com os sentidos e esquemas de ação, necessitando da presença dos objetos), a inteligência pré-operacional desenvolve a representação e, a partir daí, consegue realizar mentalmente, de forma simbólica, ações sobre a realidade, livrando a criança do “aqui-agora” próprio da inteligência sensório-motora.


DIFERENÇAS:

1. Sequencialidade/ simultaneidade (puxar o tapete para alcançar o objeto concretamente e comunicá-lo, antecipatoriamente).
2. A S.M. é prática e a P. O. busca a compreensão;
3. A SM. = objetos e situações presentes à percepção. P.O objetos e situações simbolizadas e podem estar ausentes;
4. A SM é experiência privada ( não compartilhada). A PO é compartilhada.


SUBESTÁGIOS:

1 – Pensamento Simbólico e Pré-conceitual (2 a 4 anos);
- Aparecimento da função simbólica (linguagem, jogo, imitação diferida, imagem mental...)
- Pensamento baseado em pré-conceitos e transdução.
2 –Pensamento Intuitivo (4 a 6 anos);
- Representações estáticas (próximas da percepção);
- Juízo Intuitivo ( não faz operações);


DETALHAMENTO:

SUBESTAGIO 1 – PRÉ –CONCEITO E TRANSDUÇÃO

- Pré-Conceito: entre o particular e o genérico (Ex. um caracol é percebido como sendo o mesmo visto antes). A criança não consegue articular os conceito;


- Transdução: do particular para o particular por analogia de um aspecto saliente (Ex. a criançpa que assimila a corcunda a uma gripe e não ambas a doença).

SUBESTÁGIO 2 – PENSAMENTO INTUITIVO

- Se fixa em dados perceptivos e percebe as mudanças de forma estática ( na construção do esquema de quantidades contínuas, erra porque é atraído pelos “equívocos da percepção” e diz que a água do copo ao passar para o outro mais alto e estreito aumentou. Não consegue fazer compensações e reversões (mentalmente).

CARACTERÍSTICAS DO PENSAMENTO PO

- ausência de equilíbrio: os mecanismos de acomodação não são suficientes para as assimilações necessárias, gerando sucessivos desequilíbios ( a inteligência falha porque está presa à percepção).

- experiência mental das ações: replicação mental das ações passo-a-passo


- centração: pensar em apenas 1 ou poucos aspectos da situação

- irreversibilidade: não consegue fazer a cognição inversa das ocorridas


- estatismo: cognição centrada nos estados e não nos movimentos do objeto.

- egocentrismos: tendência a tomar o próprio ponto-de-vista como único possível

características: 1 – confusão entre o próprio pensamento e o do outro;
2 – tendência a centrar-se no próprio ponto de vista.

- pensamento causal no estágio PO (pensamento mágico):


- fenomenisno = estabelece causa entre fenômenos próximos. Ex.: dormir causa o anoitecer;
- Finalismo= cada coisa age por uma função. Ex.: a nuvem se move para ir chover em outro lugar;
- Animismo= perceber como vivente um ente material . Ex.: relógio.
- Artificialismo= todas as coisas foram feitas pelo homem. Ex.: perguntar quem fez o lago ou o rio.



OPERAÇÕES CONCRETAS: ( 6 A 12 anos)

- Consolida a inteligência representativa ( simbólica );
- PO – intuitivo e instável porque submetivo à percepção, embora já tenha ação interiorizada, (as relações são estabelecidas perceptualmente e por isso, não compõem sistema);
- OC – Racional e estável (faz operações e reversões). A ação é interiorizada, porém já compõem um sistema extraperceptivo. (Ex.: se A > B e B > C, concluirá que A > C independentemente do ateste perceptual.

TIPOS DE OPERAÇÕES COGNITIVAS:

- LÓGICO-MATEMÁTICAS:
Ø Classificação : agrupar elementos que tem relação;
Ø Seriação: ordenar objetos segundo algum aspecto;
Ø Numeração: percepção das conservação do número, mudando configurações

- INFRALÓGICAS:
Ø Adição positiva: após juntas 2 elementos, um que dissolve no outro, perceper se houve; aumento do líquido ou do peso em relação a antes da mistura;
Ø Ordem espacial: após girar uma seqüência, saber a ordem resultante, antes da percepção.
Ø Mediação: construir segundo modelo, só que em outro plano.


DESCENTRAÇÃO: supera o egocentrismo pq consegue perceber o objeto por outros pontos-de-vista. ( supera a fixidez perceptual);

REVERSIVILIDADE: - por inversão: faz a operação contrária e volta ao princípio;
- por compensação: compara que o mais alto e mais estreito compensa o mais baixo e largo.

CONSERVAÇÃO: - um todo se conserva, apesar de certas alterações.
Ex.:as quantidades contínuas

CARÊNCIA DO PENSAMENTO CONCRETO:

As operações concretas, apesar da simbolização, ainda estão “ presas à realidade do objeto”, isto é, o objeto visado pelo conhecimento, embora possa ser simbolizado, mantém um equivalente estrutural, impedindo a verdadeira abstração. É por isso que ocorrem as defasagem horizontais: certos objetos oferecem maior resistência à assimilação que outros. (Ex.: conservação de quantidades 7/8 anos; de peso 9/10 anos; volume 11/12 anos).


LIMITAÇÕES DA CONCEPÇÃO OPERATÓRIA:

As aquisições cognitivas ocorrem em uma seqüência que é universal, porém a idade varia conforme a criança e a cultura. Piaget afirma que o ambiente oferece um certo grau de “atrito variável” ao desenvolvimento cognitivo, daí as velocidades de estruturação variadas gerando as defasagens horizontais.

CONTEXTO, CONTEÚDO E COMPLEXIDADE COGNITIVA

O objeto tem sua complexidade e suas idiossincrasias;
. Há situações em que a competência operacional é a mesma, mas a eficiência da ação varia conforme varia a tarefa mesmo tendo equivalência operacional, levando a fracasso e sucesso operacional em operação equivalente.

PERÍODO OPERACIONAL FORMAL (12 anos em diante)

I – CARACTERÍSTICAS LÓGICAS DO OF:

A) A realidade concebida como sub-conjunto do possível:
- OC avalia o problema dentro dos dados empíricos/concretos;
- OF avalia o problema a partir do possível racionalmente concebido;
- OF o racional condiciona a percepção do empírico ( supera os dados da poercepçãoi)
- OF associa todas as possibilidades envolvidas no problema, produzindo um sistema avaliatório de combinações supra-empírico;
Ex.: o carro apagado pode estar assim por várias causas ou combinações de causas e não por uma relação linear concreta;
Ex.: uma guerra e seus múltiplos fatorres.

B) O caráter hipotético-dedutivo:
- O pensamento abstrato que já existia no OC, assume um caráter de hipótese e é desenvolvido o “esquema de controle de variáveis” que consiste em variar um fator, manter os demais e observar o resultado. Ex.: seja a hipótese: “o câncer de pulmão é causado pelo fumo: variar as demais condições, manter o fumo e medir o resultado.
-
C) O caráter proposicional:
- Uso da linguagem para expressar proposições que são afirmações sobre o possível e não sobre o empírico. Todas as conclusões das verificações empíricas são traduzidas em uma linguagem proposicional.

II – DIFICULDADES DE AQUISIÇÃO DO OF
· O OF é um pensamento universal (deve desenvolver em todos os adolescentes entre 11 e 14 anos)
· OF é simultâneo e homogêneo, i.. é, uma vez alcançado, toda a estrutura se modifica.
· É determinado pela estrutura das relação lógica e não pelos conteúdos das tarefas.
· É a mesma estrutura cognitiva do adulto.

III – CORREÇÃO DO PENSAMENTO FORMAL DE PIAGET.


















PSICOLOGIA APLICADA À ODONTOLOGIA - I
DÉCIMA-QUARTA AULA - Relação dentista-paciente: manejo do caráter

O manejo do caráter é importante fator de preservação da relação e do favorecimento da conclusão do tratamento. Conhecer a caracterologia psicanalítica ajuda nesse manejo.
1. Caráter histérico: remete às fixações nas fases oral e fálica. O caráter histérico é dramático, exagerado nas expressões emocionais, insinuante, aparentemente sexualizada e certo coquetismo na forma de se comunicar. Além dos exageros emocionais, há também uma afetação física nas situações de ansiedade. Assim, pode apresentar dores de cabeça, dor lombar, cervical, nos pés, palpitações, entre outros sintomas. O manejo do caráter histérico inclui uma condescendência limitada, algum elogio discreto sobre sua aparência ou inteligência. Satisfeito, parcialmente, em sua necessidade de chamar a atenção, o paciente pode, a partir daí, aderir inteiramente ao tratamento.
2. Caráter oral: o caráter oral se assemelha ao histérico, pois é também carente de atenção e muito apegado. Contudo, enquanto que no caráter histérico percebe-se a sexualização das comunicações, no caráter oral a ênfase está na dependência. O caráter oral aspira restaurar a antiga relação com a mãe, época em que tudo que era bom e prazeroso era conseguido sem qualquer esforço. Para obter a colaboração do caráter oral, o profissional deverá aturar suas excessivas demandas de atenção e controlar, sem eliminar, sua dependência.
3. Caráter obsessivo: o caráter obsessivo está fixado na fase anal. Seu mecanismo de defesa contra os desejos anais-sádicos é a formação reativa. O caráter obsessivo tem enorme dificuldade em manifestar feto, vez que, em razão de sua vinculação sádica, a expressão do afeto é geradora de sentimento de culpa (desaprovação do superego). Assim, para ter confiança no profissional, o obsessivo precisa de um ambiente rigidamente controlado em termos de tempo, horários, prescrições sistemáticas, linguagem precisa e isenta de afetividade, intimidade e ambiguidade.
4. Caráter paranóide: o caráter paranóide é caracterizado pelo sentimento de perseguição. O paranóide projetano ambiente toda agressividade que é dominante em sua mente. Asso, é-lhe fácil sentir-se ameaçado e perseguido por doenças (vírus, bactérias...), pessoas e, em casos patológicos, por objetos fantásticos. O manejo inclui evitar contradição direta com o paciente paranóide, procurando as vias indiretas para lhe passar informações precisas que não possam ser interpretadas ambiguamente.
5. Caráter fálico: o caráter fálico se origina da fixação na fase fálica. Como se sabe, a fixação nessa etapa do desenvolvimento psico-sexual pode-se dar por excesso de condescendência com o fantasiar edípico ou por excesso de repressão desse fantasiar. O manejo adequado implica impessoalizar as comunicações. Tudo que é solicitado é o tratamento que exige e não o profissional.

Bibliografia:
BOCK, Ana Maria Bahia (et alli). Psicologias. Uma Introdução ao Estudo de Psicologia. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2000.